A hemorragia digestiva alta (HDA) é a emergência mais comum na Gastroenterologia, e apresenta importantes repercussões clínicas e econômicas. Publicações demonstraram que o estabelecimento correto e sequencial das mais recentes terapêuticas para a HDA está associado à melhora nos desfechos, inclusive com redução na mortalidade intra-hospitalar.
Os algoritmos de atendimento em serviços de urgência e emergência são guias de condutas extensivamente utilizados, com objetivo de fornecer uma visão simplificada da abordagem diagnóstica e terapêutica de doenças frequentes e relevantes da prática diária. O uso de algoritmos para atendimento da HDA está associado com menor tempo de internação e menores custos hospitalares.
OBJETIVO
O objetivo principal desse pesquisa foi a criação de um protocolo de atendimento da HDA, para ser utilizado em hospital terciário.
MÉTODOS
Realizada extensa revisão da literatura sobre as condutas na HDA, contidas nas bases de dados primária e secundária.
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RESULTADOS
O resultado foi um modelo de atendimento para os pacientes com HDA e com evidência de sangramento recente, dado por melena ou hematêmese nas ultimas 24h, que são atendidos nas salas de emergência e unidades de terapia intensiva de hospitais terciários.
Neste algoritmo de atendimento, desenhado de forma compacta e compreensível, fica bem evidenciado o manejo dos pacientes desde a admissão, com definição dos critérios de inclusão e exclusão, passando considerações acerca do atendimento clínico inicial, posterior direcionamento para a terapêutica endoscópica, e encaminhamento às terapias de resgate em casos de sangramento persistente ou recorrente.
Destacam-se também os cuidados que devem ser tomados antes da alta hospitalar para todos os pacientes que se recuperam de um episódio de sangramento (ver imagem abaixo).
CONCLUSÕES
A introdução de um protocolo para atendimento e tratamento de pacientes com HDA pode contribuir para uniformização de condutas médicas, diminuição no tempo de espera por medicações e serviços, no tempo de internação e nos custos hospitalares.
Esse algoritmo trata-se de um retrato momentâneo da terapêutica na HDA. Aguardam-se novas publicações sobre os seguintes tópicos:
- Aumento no ponto de corte nos escores de seleção dos pacientes de baixo risco;
- Restrição na hemotransfusão;
- Uso de doses mais baixas do IBP;
- Novas terapêuticas como uso do pós hemostático, próteses metálicas.
Advanced Endoscopy Fellowship na Cleveland Clinic, Ohio, EUA.
Doutorado em Gastroenterologia pela FMUSP.
Mestrado na Escola Paulista de Medicina – UNIFESP/EPM.
Membro titular da SOBED e FBG.
8 Comentários
Parabéns Matheus !! Algoritmo bem claro e abrangendo todos os aspectos mais importantes no manejo da HDA!
Obrigado Rafael por seu comentátio! Abraço!
Parabéns Matheus! Excelente algoritmo!
Muito obrigado Luiz! Abraço!
Matheus, parabéns pelo trabalho, o algoritmo é excelente! O que você acha do uso de prótese metálica esofágica totalmente recoberta em pacientes com hemorragia varicosa com falha no segundo tratamento endoscópico substituindo o uso do balão SB?
Recentes estudos de séries de casos demonstraram bons resultados com o uso de próteses metálicas auto-expansíveis (SEMS) em casos de HDA por sangramento de varizes esofágicas refratários ao tratamento clínico e endoscópico, com sucesso na parada imediata do sangramento variando de 60 a 100%.
Sim, acredito que as SEMS cobertas podem ser uma boa alternativa temporária na HDA varicosa refratária.
Obrigado pelo comentário Ivan!
Matheus, concordo com você. É uma boa opção. A prótese é eficiente na parada do sangramento, é mais confortável para o paciente que não fica com a sonda apertada no nariz, permite acesso endoscópico ao estômago e ingestão de líquidos se o paciente estiver com um bom nível de consciência. Porém, o ponto fraco fica na retirada… A prótese pode ser removida após algum tempo ou somente deve ser removida após a realização de TIPS com descompressão das varizes?
Ivan, ótima discussão, excelentes perguntas.
Nas séries de caso as quais eu fiz referência anteriormente, pude observar que o tempo médio para retirada da prótese variou de 2 a 14 dias, na média sendo retirada já primeira semana (5 a 7 dias), sendo o indicador principal para retirada: a estabilização do paciente. Não foram relatadas dificuldades maiores para a retirada, sendo realizada da forma habitual mesmo.
Nos trabalhos citados, muitos dos pacientes foram submetidos a TIPS, cirurgia de derivação e a transplante. E a recomendação dos autores é que essas são as melhores terapias mesmo. Pois a taxa de ressangramento foi alta no restante dos pacientes que foram submetidos ao tratamento conservador (droga + tratamento endoscópico).
Referências:
Dechêne A, et al. Digestion 2012.
Hubmann R, et al. Endoscopy 2006.
Wright G, et al. Gastrointest Endosc 2010.