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Drenagem de coleção abdominal pós-pancreatectomia por ecoendoscopia com prótese de aposição luminal (LAMS)

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Caso clínico

  • Paciente do sexo feminino, 22 anos, diagnosticada com neoplasia pseudopapilar de cauda pâncreas (Tumor de Frantz)
  • Submetida a pancreatectomia corpo-caudal + esplenectomia + linfadenectomia videolaparoscópica. Drenagem da loja esplênica e do coto pancreático com Blake 19.
  • Recebeu alta no 4º PO.
  • 15 dias depois retorna com dor abdominal, febre e leucocitose.
  • TC de abdômen revela coleção retrogastrica em contato com a margem de ressecção do pâncreas (Figuras 1 e 2).

Conduta

Após reunião multidisciplinar foi indicada a drenagem endoscópica através da colocação de prótese de aposição luminal guiada por ecoendoscopia. Para o procedimento foi utilizada prótese Hot Axios (Boston Scientific).

Evolução pós-operatória

  • Liberada dieta líquida no 1º. PO;
  • Manutenção de antibioticoterapia;
  • Revisão endoscópica precoce no 3º. PO para limpeza e retirada de restos necróticos;
  • Retirada do dreno abdominal;
  • Alta hospitalar;
  • Retorno com 21 dias após drenagem. Retirada da axios.

Comentários

A drenagem de coleções fluidas peripancreáticas por ecoendoscopia com auxilio de próteses de aposição luminal é uma técnica que revolucionou o tratamento dessas condições, possibilitando uma drenagem segura, eficaz e muito mais ágil. A drenagem das coleções sem auxílio das próteses quentes LAMS é possível, porém muito mais trabalhosa. Necessitaria punção, dilatação do trajeto e colocação de próteses pigtail.

A principal complicação que vemos na drenagem com LAMS é o risco de sangramento, que geralmente ocorre tardiamente devido corrosão do tecido retroperitoneal perigastrico pela extremidade da prótese quando ocorre regressão da cavidade (3 a 4 semanas em média). Alguns autores advogam a passagem de prótese tipo duplo pigtail no interior da LAMS para minimizar esse evento adverso. No caso em questão a regressão total da coleção ocorreu em 3 semanas e foi possível retirar a prótese com segurança.

Clique nos temas para mais informações sobre Prótese metálica de aposição luminal (LAMS) e Stents de aposição de lúmen nas drenagens de coleções fluidas pancreáticas e risco de sangramento – onde estamos?.

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Professor Livre-Docente pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Médico Endoscopista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP)
Médico Endoscopista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Emerging Star pela WEO

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Doutor pelo Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médico assistente do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. Membro titular do CBCD.


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2 Comentários

IGOR PROENÇA
IGOR PROENÇA 19/09/2024 - 11:28 am

Parabéns Bruno! Caso interessante e muito bem conduzido! Há a preocupação com a obstrução da LAMS caso o paciente ingira alimentos sólidos, como você tem feito a evolução da dieta nesses casos nos quais o paciente tem uma LAMS transgástrica até a retirada dela?

Bruno Martins
Bruno Martins 20/09/2024 - 5:18 pm

Ótima pergunta Igor. Na verdade eu me preocupo com a entrada de comida na cavidade drenada (pseudocisto, won, etc). Já tive casos que ficamos retirando alimentos sólidos para limpeza local e posso dizer que não é nada agradável. Por conta disso eu deixo dieta líquida e pastosa na primeira semana até fazer a primeira revisão.
No entanto, preciso salientar que muitos experts liberam dieta geral e os trabalhos não se preocupam muito com essa questão da dieta. Geralmente os trabalhos discutem alguns cuidados após drenagem como: necrosectomia de imediato vs em segunda etapa; lavagem com H2o2; inserção de cateter nasocístico, tempo de antibióticos, tempo de permanência do LAMS.

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