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Adenocarcinoma de duodeno – Ressecção endoscópica

por Matheus Franco
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Paciente feminina, 65 anos, com antecedente de hipotireoidismo, foi submetida a endoscopia por dispepsia, sendo observada na segunda porção duodenal, distal e contralateral a papila maior, a seguinte lesão:

 

Adenoca de duodeno Adenoca de duodeno 2 Adenoca de duodeno 34 Adenoca de duodeno 3

Biópsias demonstraram:

  • Adenocarcinoma intramucoso. Padrão tubular, bem diferenciada.

Em conjunto com a equipe cirúrgica, optado pela realização de ressecção endoscópica.

Abaixo imagens do procedimento:

Visão endoscópica com luz branca. Uso de cap transparente para realização do procedimento.

Visão endoscópica com luz branca. Uso de cap transparente para realização do procedimento.

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Cromoscopia com FICE.

Cromoscopia com FICE.

Cromoscopia com indigo carmin.

Cromoscopia com indigo carmin.

Cromoscopia indigo + FICE.

Cromoscopia indigo + FICE.

Elevação da lesão com injeção de solução de manitol 10% na submucosa.

Elevação da lesão com injeção de solução hipertônica com adrenalina e indigo.

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Aspecto após injeção na submucosa.

Aspecto após injeção na submucosa.

Mucosectomia com alça multifilamentar de 15 mm.

Mucosectomia com alça multifilamentar de 15 mm.

Apreensão completa da lesão com a alça.

Apreensão completa da lesão com a alça.

Leito após resseção endoscópica.

Leito após resseção endoscópica.

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Pós ressecção - uso de FICE. Sem sinais de lesão residual.

Pós ressecção – uso de FICE. Sem sinais de lesão residual.

Aplicação de clipe metálico para fechamento da ferida cirúrgica.

Aplicação de clipe metálico para fechamento da ferida cirúrgica.

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Fixação da espécime cirúrgica - uso de indigo carmin.

Fixação da espécime cirúrgica – uso de indigo carmin.

Indigo + FICE.

Indigo + FICE.

 

Vídeo da ressecção:

A análise anatomopatológica evidenciou: adenocarcinoma tubular, bem diferenciado, intramucoso (com invasão da lâmina própria), margens vertical e horizontal livres, ausência de invasão linfática e vascular.

Paciente evoluiu sem intercorrências, recebeu alta no segundo dia, e a ressecção foi considerada curativa.

Breve revisão:

O adenocarcinoma duodenal não-ampular é uma neoplasia rara porém agressiva, podendo ocorrer de novo ou seguindo a sequência de adenoma-carcinoma, tal como observado em doentes com polipose adenomatosa familiar. Como o prognóstico dos carcinomas duodenais avançados é ruim, a detecção e tratamento precoce são essenciais.

Os principais achados endoscópicos de que uma lesão suspeita possa ser um adenocarcinoma são: depressão, componente avermelhado, e superfície granular heterogênea.

Os adenocarcinomas restritos a camada mucosa constituem a principal indicação para ressecção endoscópica, seja pela técnica de EMR ou ESD, sendo fundamental a ressecção em bloco para diminuir o risco de recidiva. Já as lesões que invadem superficialmente a submucosa, apesar de poderem ser removidas endoscopicamente, geralmente são encaminhadas para tratamento cirúrgico, uma vez que apresentam risco de metástase linfonodal (5.4%).

A ressecção endoscópica é uma forma de tratamento minimamente invasiva em comparação com a ressecção cirúrgica. No entanto, no duodeno está associada a um alto risco de complicações, como sangramento e perfuração.

Nota: Caso realizado por Nelson Miyajima e Matheus Franco.

Referências:

  1. Kakushima N, Kanemoto H, Sasaki K, et al. Endoscopic and biopsy diagnoses of superficial, nonampullary, duodenal adenocarcinomas. World J Gastroenterol. 2015;21(18):5560-7.
  2. Gaspar JP, Stelow EB, Wang AY. Approach to the endoscopic resection of duodenal lesions. World J Gastroenterol. 2016 Jan 14;22(2):600-17.
  3. Kakushima N, Kanemoto H, Tanaka M, et al. Treatment for superficial non-ampullary duodenal epithelial tumors. World J Gastroenterol. 2014;20(35):12501-8.

 

 

 

Matheus Franco
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Advanced Endoscopy Fellowship na Cleveland Clinic, Ohio, EUA.

Doutorado em Gastroenterologia pela FMUSP.

Mestrado na Escola Paulista de Medicina – UNIFESP/EPM.

Membro titular da SOBED e FBG.


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