As técnicas de ressecção endoscópica com uso de corrente elétrica estão associadas com eventos adversos como por exemplo a síndrome pós-polipectomia (por queimadura profunda da parede do cólon), e também com perfuração e sangramento tardio pela possibilidade de injúria mais profunda dos vasos da submucosa.
Diante do exposto, tem crescido no uso respaldado por diversos estudos na literatura das técnicas de ressecção sem uso do cautério, ou seja as técnicas à frio, sendo referenciado nos últimos anos como a “cold revolution”.
A principal indicação da polipectomia à frio é para as lesões < 10 mm, sem suspeita de invasão profunda, por possibilitar menores taxas de recidiva quando comparada com a ressecção com pinça, e bem como também associada com menores taxas de sangramento tardio, e síndrome pós-polipectomia quando comparado com a ressecção com alça diatérmica.
Posteriormente, diversos estudos recentes vem demostrando a eficácia e segurança da mucosectomia à frio (Cold EMR) para lesões > 20 mm, sem suspeita de invasão submucosa, sendo portanto uma opção para as LSTs granulares homogêneas e para as lesões sésseis serrilhadas sem displasia, como bem demonstrado por Breno Bandeira de Mello e cols em metanálise recente.1
A mucosectomia à frio pressupõe a injeção submucosa associada à ressecção fatiada com alça preferencialmente dedicada, que são as alças com fio de corte mais fino (£ 0,3 cm, mais rígidas, com abertura de 9 a 10 mm, e com cobertura rígida do cateter. Hoje em dia já existem diversas no mercado disponíveis. A alça utilizada nesse vídeo foi a Exacto (Steris)
Outras vantagens inerentes à mucosectomia à frio são:
- Mais fácil ver os limites da lesão
- Expansão da submucosa fazendo o corte ser mais fácil
- Prevenção de sangramento por efeito de tamponando
Abaixo vídeo demonstrando a técnica de caso de lesão séssil serrilhada sem displasia em cólon ascendente:
Referências
- Mello BB, Popoutchi P, Zago R, Averbach M. Análise comparativa dos resultados de ressecções de lesões sésseis serrilhadas do cólon ≥ 20 mm com e sem o emprego de energia elétrica. Revisão sistemática e metanálise. 2022
Como citar este artigo
Franco M. Cold EMR – Mucosectomia à frio. Endoscopia Terapeutica 2023, vol. 1. Disponível em: https://endoscopiaterapeutica.net/pt/assuntosgerais/cold-emr-mucosectomia-a-frio/
Advanced Endoscopy Fellowship na Cleveland Clinic, Ohio, EUA.
Doutorado em Gastroenterologia pela FMUSP.
Mestrado na Escola Paulista de Medicina – UNIFESP/EPM.
Membro titular da SOBED e FBG.
4 Comentários
Matheus, gostei muito do seu vídeo.
Gostaria de saber qual o produto que você introduziu para fazer o procedimento? Foi Manitol?
Muito obrigado amigo pelo comentário!
Usei solução de voluven 6% com 1 ml de indigo carmin. Manitol tmabém seria uma boa opção para esse procedimento. forte abraço!
Olá Matheus! Parabéns pelo post! Video ficou muito didático e bonito! Tenho três perguntas:
1) Você usou uma alça dedicada para a cold EMR?
2) Você tem alguma estratégia (“passo a passo”) para a cold EMR? Por exemplo, começar ressecando todos os bordos da lesão e depois remover a parte central ou isso depende da localização e tamanho?
3) Há algum limite de tamanho de lesões candidatas a cold EMR?
Muito obrigado Dani! Excelentes colocações. Respondendo:
1. Sim, usei a alça Exacto, 9 mm, cold snare, Steris. Hoje em dia a maioria das grandes marcas tem alça para cold emr disponível.
2. Começo pela borda e pelo local mais difícil (ex prox a um angulo/prega), e depois vou seguindo para o ponto mais fácil de ressecar.
3. Na literatura não se fala em limite de tamanho da lesão, e essa técnica é muito interessante para lesões grandes mesmo e claramente benignas com baixo risco de malignização como as lesões sésseis serrilhadas sem displasia.
Obrigado!