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Ano 2016
Volume II
Casos Clínicos
Endoscopia Digestiva Alta
Tratamento endoscópico de variz de fundo gástrico com injeção de cola de cianoacrilato
Paciente do sexo feminino, 67 anos, com anemia e história de episódios frequentes de melena. À endoscopia foi diagnosticada grande variz de fundo gástrico. Devido à história de hemorragia prévia foi optado pela obliteração com cola de cianoacrilato.
A obliteração de varizes gástricas com cianoacrilato é um tratamento efetivo e com baixo índice de complicações. Porém, alguns cuidados técnicos devem ser observados:
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- Utilizar aparelho de visão frontal, lubrificando sua estrutura externa distal com silicone ou lipiodol para prevenir a adesão do cianoacrilato ao aparelho
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- Inserir também no canal de trabalho do aparelho soluções lubrificantes como silicone para facilitar a inserção do cateter e evitar adesão potencial do cianoacrilato
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- Evitar realizar sucção de secreções durante o procedimento (evita possível sucção acidental de cianoacrilato extravasado)
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- Utilizar cateter injetor pré escovado com solução salina (ou com lipiodol).
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- Preparar o adesivo tissular a ser injetado em solução habitual de 1:1 de cianoacrilato e lipiodol
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- Após a punção da variz injetar a solução de cianoacrilato e seguir com a injeção de solução salina para total remoção do adesivo tissular de dentro do cateter e inserção no lúmen do vaso
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- Quando retirar a agulha do interior do vaso (atentar para realizar isso de forma ágil após a injeção para evitar impactação do cateter ao adesivo tissular dispensado no vaso), realizar nova injeção de solução salina para lavagem completa do cateter do lúmen gástrico
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- Logo que a injeção for completada, retirar o aparelho com a agulha recolhida e o cateter no seu interior. Com o aparelho removido do paciente, expõe-se o cateter e corta-se a sua ponta, evitando o contato do cianoacrilato residual do cateter com o canal de trabalho.
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- Limpar a ponta do aparelho com silicone e atentar para uma lavagem adequada dos canais de trabalho
Doutor em Ciências em Gastroenterologia pela USP
Especialista em Endoscopia Diagnóstica e Terapêutica da Gastroclínica Cascavel e do Hospital São Lucas FAG
Coordenador da Residência Médica em Cirurgia Geral e Professor de Gastroenterologia da Escola de Medicina da Faculdade Assis Gurgacz
4 Comentários
Ivan, excelente vídeo. Muito ilustrativo. Em relação ao risco de embolia e ao controle por imagem pós injeção de cianoacrilato, como tem feito na prática? Solicita radiografia de tórax para os pacientes ou só faz observação clínica ?
Bruno, eu solicito Radiografia de rotina para avaliar se ocorreu embolia, principalmente se foi necessária mais de uma punção.
Ivan, apenas uma questão de ordem. Qual o bemefício ou mudança de conduta clínica esse RX controle iria acarretar ? Seria apenas para diagnóstico?
Guilherme, no caso de embolia maciça não tem muito o que fazer. A terapia é apenas suporte. Apesar disso, eu realizo a radigrafia de tórax de rotina para controlar se os pacientes tiveram ou não alguma embolia. Quando se usa mais do que uma injeção o risco acaba aumentando.