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Cromoscopia com corantes

por Felipe Paludo Salles
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Classificação:

1- Corantes de absorção ou vitais (azul de metileno, violeta de genciana, lugol)

2- Corantes de contraste (índigo carmin)

3- Corantes químicos ou reativos (vermelho-congo, ácido acético)

4- Corantes permanentes (tatuagem). Clique aqui para ver mais

O uso de corantes na prática clinica é de fácil acesso, baixo custo e aumenta significativamente a qualidade do exame do ponto de vista diagnóstico e terapêutico.

FUNÇÕES:

– realça o relevo e depressões de lesões

– melhora o estudo da citoarquitetura das lesões

– direciona locais para biópsia em suspeita de câncer

Corantes mais usados:

  • Lugol 2-3%
  • Azul de metileno 0,5 -1%
  • Ácido acético 1,5%
  • Índigo Carmin 0,2 – 0,5%

1. Lugol

  • Composto de iodo + iodeto de potássio
  • A reação do iodo com o glicogênio do epitélio escamoso leva a uma coloração castanho escura, sendo que as áreas alteradas não se coram, ou ficam fracamente coradas
  • Usado na concentração de 2-3%

Indicado em pacientes com:

  • Tumor de cabeça e pescoço (11% *)
  • Megaesôfago (2-7%* ,  doença há mais de 10 anos)
  • Estenose cáustica (16%*,  doença há mais de 20 anos)
  • Alcoólatras e tabagistas

* prevalência de carcinoma de esôfago

Técnica:

  • Material: Lugol 2% 20ml, Agua destilada 20ml , Hipossulfito de Sodio / Tiossulfato de sódio  5% 20ml
  • Sedação e analgesia adequada pois o procedimento é doloroso pelos espasmos
  • Começar da parte distal, junto a transição esofagogástrica, para a proximal
  • Posiciona-se o cateter vaporizador a 2cm da extremidade do aparelho, mantendo a insuflação para que haja contato do corante em toda a circunferência do órgão
  • Na ausência de cateter pode-se jogar o corante através do canal de biópsias. Geralmente 20ml, sendo 5ml a cada 5cm, na parede lateral direita. Quando chegar na parte proximal, aspirar e insuflar algumas vezes (para o esôfago abrir e fechar)
  • Aspirar o excesso de corante e esperar um minuto
  • Tirar o excesso de corante com 20ml de água destilada
  • Voltar para a transição esofagogástrica e analisar as áreas que não foram coradas
  • Após jogar 20ml de hipossulfito de sódio para neutralizar o efeito do lugol

Áreas não coradas:

  • Carcinoma ou displasia severa de esôfago
  • Epitélio colunar do esôfago (Barrett)
  • Erosões pépticas
  • Ectopias gástricas
  • Acentuado processo inflamatório ou atrófico

Complicações:

  • Dor retroesternal
  • Tosse
  • Espasmo de laringe
  • Reação alérgica

*Contra-indicado para pacientes com alergia a iodo

Veja exemplo na galeria de imagem: https://endoscopiaterapeutica.net/pt/carcinoma-de-celulas-escamosas/

2. Azul de metileno

  • Absorvido pelas células epiteliais do intestino delgado e cólon
  • Usado na concentração de 0,5-1%
  • Necessita do uso prévio de mucolítico (acetilcistína 10% ou ácido acético)

Aplicação clínica:

  • Metaplasia de Barrett
  • Metaplasia intestinal gástrica
  • Metaplasia gástrica no duodeno (não cora)

Técnica:

  • Material: Azul de metileno 20ml, Acetilcistína 10% ou ácido acético ,
  • Instilar o mucolítico
  • Após jogar o corante e esperar um minuto para a absorção
  • Lavar com água destilada até que o padrão da coloração não mude mais
  • Considerado positivo se permanecer corada após lavagem

Efeito colateral:

  • Coloração azulada da urina e fezes
azul metileno

3. Ácido acético

  • Produz degeneração reversível das proteínas intracelulares
  • Interage com a camada externa de glicoproteínas que recobre a superfície mucosa do epitélio colunar, eliminando-a e conferindo uma coloração esbranquiçada
  • Esta reação não ocorre no epitélio escamoso pois o AA é neutralizado pela rede vascular e pelo estroma subjacente
  • Usado na concentração de 1,5%, 10-15ml

Técnica:

  • Material: ácido acético 1,5% 40ml, água destilada
  • Aplicação de 20ml sobre a área
  • Lavagem com água destilada
  • Nova aplicação de 20ml
  • Deixa-se agir por 2 minutos (durante este tempo aspira-se o excesso depositado no lago gástrico)

Aplicação clínica:

  • Esôfago de Barrett
acetico

4. Índigo Carmim

  • Composto por um corante vegetal azul (índigo) e de um agente vermelho (carmim)
  • Corante de realce, não absorvível
  • Usado na concentração de 0,1- 0,5%
  • Contraste mais usado em estômago, duodeno e cólon

Efeitos colaterais:

  • Muito raros
  • Hipotensão leve
  • Reações anafiláticas

Aplicação Clínica

  • Diagnóstico do câncer precoce
  • Avaliação na doença celíaca

Leia mais:

https://endoscopiaterapeutica.net/pt/neoplasia-gastrica-precoce/

 
Veja o uso do índigo carmin para terapêutica endoscópica no post abaixo:

Dissecção Endoscópica Submucosa (ESD): dicas para iniciar e aprimorar a técnica

Referência bibliográfica:  Chromoendoscopy  GIE Volume 66, No. 4 2007

Felipe Paludo Salles
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Residência em Endoscopia Digestiva no Hospital das Clínicas da USP (HCFMUSP)
Residência em Gastroenterologia no Hospital Universitário da UFSC
Presidente da SOBED / SC na gestão 2018-2020
Médico da clínica Endogastro em Florianópolis e ProGastro em Joinville


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