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Caso Clínico – Espiroquetose Intestinal

por Renzo Feitosa Ruiz
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Paciente, masculino, 45 anos, HIV + há cerca de 20 anos, relata ter interrompido o uso de anti-retrovirais há 6 meses por conta própria.

Queixa-se de diarreia associada a episódios de enterorragia nos últimos 2 meses.

Foi encaminhado ao nosso serviço para realização de colonoscopia que evidenciou em cólon sigmoide, múltiplas erosões planas e desnudas esparsamente distribuídas sobre mucosa edemaciada e medindo entre 2-3 mm. Ainda em sigmoide notou-se a presença de lesões polipoides, com tamanhos em torno de 4-8 mm, avermelhadas e com erosões apicais.

Seguem as imagens:

Realizamos múltiplas biópsias que mostraram colite crônica com componente erosivo e hiperplasia folicular linfóide com presença de estruturas consistentes com espiroquetose intestinal.

 

Revisão:

  • A espiroquetose intestinal é definida histologicamente como a presença de microrganismos da família spirochetaceae ligadas ao ápice das células do epitélio cólico.
  • A doença pode ser provocada por um grupo heterogêneo de bactérias. Em humanos, a Brachyspira aalborgi e a Brachyspira pilosicoli predominam.
  • A incidência da colonização intestinal por espiroquetas varia de 1% nos países desenvolvidos a até 34% nas áreas mais pobres, atingindo taxas de colonização de 62,5% entre homossexuais e em pacientes portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV).
  • O significado clínico dessa colonização ainda é incerto e a maioria dos infectados permanece assintomática.
  • Quando há sintomas gastrointestinais, o tratamento mais utilizado e efetivo é feito com metronidazol na dose de 500 mg 3 vezes ao dia por 10 dias. Há relatos de séries de casos onde a clindamicina e macrolídeos foram utilizados com sucesso.
  • Manifestação de sintomas é mais comum em pacientes imunodeprimidos.
  • A infecção pelo Treponema pallidum deve ser excluída, pois os tratamentos são diferentes e as complicações por essa última são mais graves.

 

Acentuamento da borda em escova, que assume aspecto felpudo à histologia

 

Referências

  1. Bechara C. S. et al. “ESPIROQUETOSE INTESTINAL ‐ RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA.” Journal of Coloproctology vol. 38 (2018); 68. doi.org/10.1016/j.jcol.2018.08.144

2. Nadal, Luis Roberto Manzione, & Nadal, Sidney Roberto. (2011). Intestinal spirochetosis. Journal of Coloproctology (Rio de Janeiro)31(4), 405-406.

 

Renzo Feitosa Ruiz
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Doutorado pelo Depto. de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da USP

Especialização em Motilidade Digestiva pelo Depto. de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da USP

Médico do Serviço de Endoscopia Digestiva do Hospital Israelita Albert Einstein

Médico do Serviço de Endoscopia Digestiva do Hospital Alemão Oswaldo Cruz


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