Objetivo
A classificação de Sarin foi criada para padronizar a descrição endoscópica das varizes gástricas em pacientes com hipertensão portal. O foco é correlacionar a localização anatômica com o risco de sangramento e prognóstico, facilitando condutas terapêuticas e comparações entre estudos.
Critérios
A classificação divide as varizes gástricas em dois grupos principais:
1. Varizes esofagogástricas (GOV) – continuação das varizes esofágicas que se estendem para o estômago:
- GOV1: prolongam-se para a pequena curvatura (até 2 – 5 cm abaixo da junção esofagogástrica).
- GOV2: prolongam-se para o fundo gástrico (habitualmente varizes grandes, tortuosas, nodulares).
2. Varizes gástricas isoladas (IGV) – não estão associadas a varizes esofágicas:
- IGV1: localizadas no fundo gástrico, distantes da junção esofagogástrica (também chamadas fundal varices).
- IGV2: varizes ectópicas, em outras regiões do estômago (corpo, antro, piloro) ou até no duodeno.
Risco de sangramento:
- GOV1: menos graves; muitas desaparecem após tratamento das varizes esofágicas.
- GOV2: alta taxa de sangramento (~55%), com mortalidade elevada.
- IGV1: altíssimo risco de sangramento (≈78%).
- IGV2: geralmente secundárias; sangram raramente (≈9%).
Aplicação Clínica:
- A classificação é usada até hoje em guidelines (Baveno, AASLD, ESGE) para descrever varizes gástricas.
- Permite estratificação de risco: GOV2 e IGV1 são os subtipos com maior risco.
- Define condutas:
- GOV1: manejadas de forma similar a varizes esofágicas.
- GOV2 e IGV1: requerem tratamento específico (cianoacrilato, TIPS).
Referências:
Sarin SK, Kumar A. Gastric varices: profile, classification, and management. Am J Gastroenterol. 1989;84(:1244-9.
Sarin SK, Lahoti D, Saxena SP, Murthy NS, Makwana UK. Prevalence, classification and natural history of gastric varices: a long-term follow-up study in 568 portal hypertension patients. Hepatology. 1992;16:1343-9.