Padrão IPCL de CEC de Esôfago – classificação da sociedade Japonesa

Predição da profundidade de invasão do CEC esofágico superficial (invasão limitada à submucosa, independentemente do acometimento linfonodal) é fundamental para determinar a estratégia terapêutica (cirúrgica vs endoscópica), uma vez que quanto maior a profundidade de invasão, maior o risco de metástases linfonodais1.

Inoue e colaboradores, em 2015, propuseram uma classificação baseada na avaliação dos padrões dos capilares intrapapilares (IPCLs) através da endoscopia com magnificação e NBI 2,3. Clique aqui para ver essa classificação.

Essa classificação, entretanto, devido à multiplicidade de critérios envolvidos, foi considerada confusa pela grande maioria dos endoscopistas japoneses, limitando sua aplicação em larga escala. Por este motivo, a Japan Esophageal Society (JES) desenvolveu uma classificação simplificada para a magnificação endoscópica no diagnóstico do CEC esofágico superficial.

 

Tipo A: IPCL normal, ou microvasos anormais sem irregularidade severa.
Tipo B: Microvasos anormais com irregularidade severa ou vasos dilatados.
  • Tipo B1: Vasos tipo B com formação de loop. Os vasos B1 normalmente aparecem como microvasos no formato de vírgula.
  • Tipo B2: Vasos tipo B sem a formação de loop, que se apresentam esticados, alongados. Os vasos B2 frequentemente apresentam um arranjo com múltiplas camadas ou um padrão irregular em brotamento.
  • Tipo B3: Vasos muito dilatados, que apresentam calibre 3 vezes maior que os vasos B2. Geralmente apresentam cor verde.

FONTE: Oyama T, Inoue H, Arima M, et al. Esophagus. 2017;14(2):105-112

Tipo B1 => invasão restrita ao epitélio (M1) ou lâmina própria (M2), com acurácia de 91%;

Tipo B2 => invasão restrita à muscular da mucosa (M3) ou submucosa supercial (SM1), com acurácia de 93%;

Tipo B3 => invasão submucosa maciça (> SM2), com acurácia de 95%;

PADRÃO IPCL TIPO A. FONTE: Oyama T, Inoue H, Arima M, et al. Esophagus. 2017;14(2):105-112.

PADRÃO IPCL TIPO B1. FONTE: Oyama T, Inoue H, Arima M, et al. Esophagus. 2017;14(2):105-112.

PADRÃO IPCL TIPO B2. FONTE: Oyama T, Inoue H, Arima M, et al. Esophagus. 2017;14(2):105-112.

PADRÃO IPCL TIPO B3. FONTE: Oyama T, Inoue H, Arima M, et al. Esophagus. 2017;14(2):105-112.

Critérios Auxiliares

Como critérios auxiliares, são avaliadas as áreas avasculares (AVAs), que são subclassificadas de acordo com seu diâmetro em:

  • AVA-small: < 0.5mm;
  • AVA-middle: > 0.5mm e < 3mm;
  • AVA-large: > 3mm.

 

Qualquer tipo de AVA, circundada por vasos tipo B1 são sugestivas de CEC M1 ou M2. AVA-middle e AVA-large circundadas por vasos tipo B2 e B3 são sugestivas de CEC M3 ou SM1 e invasão submucosa maciça (> SM2) respectivamente.

ÁREAS AVASCULARES. FONTE: Oyama T, Inoue H, Arima M, et al. Esophagus. 2017;14(2):105-112.

 

Outro critério auxiliar avaliado é o padrão de vasos reticular (Tipo R), que são definidos como microvasos de padrão plexiforme.  Esse padrão é frequentemente encontrado no CEC invasivo ou em neoplasias malignas epiteliais não CEC, como carcinoma adenoescamoso, carcinoma basiloide e carcinoma de células endócrinas).

PADRÃO DE VASOS RETICULAR. FONTE: Oyama T, Inoue H, Arima M, et al. Esophagus. 2017;14(2):105-112.

Referências

  1. Oyama T, Inoue H, Arima M, et al. Prediction of the invasion depth of superficial squamous cell carcinoma based on microvessel morphology: magnifying endoscopic classification of the Japan Esophageal Society. Esophagus. 2017;14(2):105-112. doi:10.1007/s10388-016-0527-7.
  2. Inoue H, Kaga M, Ikeda H, et al. Magnification endoscopy in esophageal squamous cell carcinoma: a review of the intrapapillary capillary loop classification. Ann Gastroenterol. 28(1):41-48. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25608626.
  3. Sato H, Inoue H, Ikeda H, et al. Utility of intrapapillary capillary loops seen on magnifying narrow-band imaging in estimating invasive depth of esophageal squamous cell carcinoma. Endoscopy. 2015;47(2):122-128. doi:10.1055/s-0034-1390858.
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Como citar esse artigo:

Okazaki O. Padrão IPCL de CEC de Esôfago – classificação da sociedade Japonesa. Endoscopia Terapêutica; 2018. Disponível em: https://endoscopiaterapeutica.net/pt/classificacao/ipcl-esofago-classificacao-japonesa




Classificação de Praga – Esôfago de Barrett

Sharma e colaboradores (2006), com o objetivo de auxiliar no reconhecimento endoscópico e na classificação da extensão do esôfago de Barrett (EB), desenvolveram o Sistema de Classificação de Praga. Esse sistema consiste do uso de duas letras (C e M) com o respectivo algarismo associado conforme descrito abaixo:

  • A letra C equivale à extensão máxima circunferencial do epitélio colunar
  • A letra M equivale à extensão máxima do epitélio colunar em forma de linguetas.

Exemplos: Praga C2M3; Praga C1M4; Praga C6M6

Consiste em um método de classificação rápido e fácil, mas para sua realização é importante saber localizar exatamente a transição esofagogástrica

Exemplo: 

Esôfago de Barrett circunferencial por 5 cm de extensão. Extensão máxima do Barrett de 7 cm. Portanto Praga C5M7

Esôfago de Barrett não circunferencial. Extensão máxima de 1 cm. Portanto Praga C0M1




Varizes esofágicas – Sociedade Japonesa de Pesquisa em Hipertensão Portal

Essa classificação é pouco utilizada da maneira que está mostrada no exemplo no final da página; porém usamos os 6 itens enumerados abaixo de uma forma descritiva no corpo do laudo.
1 – Cor 
a) Branca (Cw)- varizes brancas ou com a mesma cor da mucosa;
b) Azul (Cb) –  varizes azuladas, acinzentadas ou arroxeadas.

2 – Sinal da cor vermelha
a) Mucosa em vergão vermelho (red wale marking – RWM): vênulas dilatadas, orientadas com aspecto de marcas de açoite;
b) Manchas em cor de cereja (cherry red spot – CRS): manchas avermelhadas, arredondadas com cerca de 2 mm;
c) Mancha hematocística (hematocystic spot – HCS): pequenas projeções arredondadas de cor vermelha ou arroxeadas com cerca de 4 mm de diâmetro e semelhantes a uma bolha de sangue, geralmente solitária em cordão tortuoso e de grosso calibre;
d) Rubor difuso (diffuse redness – DR): áreas avermelhadas difusas, sem elevações ou depressões.

3 – Forma
a) Forma 1 (F1): varizes retas;
b) Forma 2 (F2): tortuosas, calibre pouco aumentado (menor que 1/3 da luz);
c) Forma 3 (F3): tortuosas, de grosso calibre (maior que 1/3 da luz).

4 – Localização
a) Locus superior (Ls): acima da bifurcação traqueal;
b) Locus medial (Lm): na área da bifurcação traqueal;
c) Locus inferior (Li): terço distal de esôfago.

5 – Esofagite
a) Presente (E+);
b) Ausente (E-).

6 – Locus gástrico (Lg) – prolongamento
a) Ausente (Lg-);
b) Cárdia (Lgc);
c) Fundo (Lgf).

Exemplo (pouco utilizado dessa forma em nossa prática diária)
Varizes esofágicas azuladas, com sinal da cor vermelha presente (cherry red spot e red wale marking) e em grande número, de grosso calibre, a partir de terço proximal, sem esofagite e com varizes gástricas em cárdia: CbRc+(CRS+++ RWM+++)F3LsE-Lgc+




Neoplasia superficial de esôfago – Classificação Japonesa

 

Em 1993 a Sociedade Japonesa para Doenças Esofágicas criou a classificação abaixo :

 

Neoplasia superficial do esôfago compreende a lesão cujo aspecto morfológico sugere acometimento das camadas mucosa e submucosa, sem infiltração da muscular própria, independentemente se há ou não comprometimento linfonodal. No Japão convencionou-se denominar as lesões superficiais de tipo 0, em referência à classificação de Borrmann para tumores gástricos avançados. Como visto na tabela acima existem três subtipos de lesões superficiais: protuso (tipo 0-I), plano (tipo 0-II) e deprimido (tipo 0-III).




Siewert – lesões neoplásicas da junção esofagogástrica

 

A classificação de Siewert é utilizada em adenocarcinomas da junção esofagogástrica.

É de grande utilidade para guiar a conduta cirúrgica (esofagectomia subtotal versus gastrectomia total com esofagectomia distal)




Padrão de alças capilares intrapapilares (IPCLs) avaliadas através do NBI

 

Essa classificação baseia-se nos capilares intrapapilares da mucosa sob a luz do Narrow Band Imaging (NBI) e sua avaliação pode predizer a presença de neoplasia.

 

Essa classificação, entretanto, devido à multiplicidade de critérios envolvidos, foi considerada confusa pela grande maioria dos endoscopistas japoneses, limitando sua aplicação em larga escala. Por este motivo, a Japan Esophageal Society (JES) desenvolveu uma classificação simplificada para a magnificação endoscópica no diagnóstico do CEC esofágico superficial. Para ver detalhes dessa nova classificação clique aqui.




Esofagite por cândida – Wilcox

 

A classificação de Wilcox avalia o grau de acometimento do esôfago pela infecção por cândida. Foi criada por WILCOX; SCHWARTZ em1996.

I

II

                                           IV

 




Divertículos de esôfago superior

 

Divertículo de Killian-Jamieson : foi descrito em 1983 por Ekberg et al. e situa-se na parede anterolateral do esôfago cervical, distal ao músculo cricofaríngeo.

 

Divertículo de Zenkerse origina na linha média da parede posterior do esôfago, acima do músculo cricofaríngeo (região também chamada de trígono de Killian).

 

Veja com mais detalhes esse assunto no link abaixo:

https://endoscopiaterapeutica.net/pt/assuntosgerais/diverticulo-de-zenker-vs-diverticulo-de-killian-jamieson/




Escore de Eckardt – Acalásia

O escore de Eckardt é uma medida utilizada na avaliação de pacientes com acalasia para quantificar de forma objetiva a gravidade dos sintomas e auxiliar na avaliação do resultado do tratamento.

O Eckardt score leva em consideração quatro parâmetros principais:

  1. Disfagia (dificuldade de deglutição): A gravidade da disfagia é avaliada de acordo com a frequência e gravidade dos sintomas relatados pelo paciente.
  2. Odinofagia (dor durante a deglutição): A presença ou ausência de dor durante a deglutição.
  3. Regurgitação: A frequência e gravidade da regurgitação.
  4. Perda de peso: A perda de peso relacionada aos sintomas da acalásia é considerada como um indicador adicional.

Cada um desses parâmetros é pontuado de acordo com sua gravidade, e a soma dos pontos resulta no Eckardt score total, que varia de 0 a 12. Quanto maior o score, mais grave é a condição do paciente.

Escore

Sintomas

Perda ponderal

Disfagia

Dor

Regurgitação

0

Ausente

Ausente Ausente Ausente

1

<5 Kg

Ocasional Ocasional Ocasional

2

5-10Kg Diária

Diária

Diária

3

>10 Kg Todas as refeições

Todas as refeições

Todas as refeições

O escore de Eckardt é a métrica mais comumente usada para avaliar terapias para a acalásia. O sucesso clínico geralmente é definido como um escore de 3 ou menos após a intervenção terapêutica. No entanto, é importante observar que o escore de Eckardt possui algumas limitações. Embora a disfagia seja o principal sintoma alvo do tratamento da acalásia, um paciente pode ainda experimentar sintomas de disfagia em cada refeição, mesmo tendo um escore de Eckardt de 3. Isso sugere que o escore pode não capturar totalmente a experiência subjetiva do indivíduo.

É crucial que sejam considerados fatores adicionais, como a frequência e gravidade dos sintomas, juntamente com medidas objetivas como manometria esofágica e estudos radiográficos, para fazer uma avaliação abrangente da resposta ao tratamento da acalasia.

Referência:

Eckardt, V. F., Aignherr, C., & Bernhard, G. (1992). Predictors of outcome in patients with achalasia treated by pneumatic dilation. Gastroenterology, 103(6), 1732–1738. doi:10.1016/0016-5085(92)91428-7




Hérnias hiatais

As hérnias de hiato ou simplesmente hiatais são frequentes em nosso meio. A mais comum é a do tipo deslizamento. A classificação mais abrangente reconhece 4 tipos: